domingo, 10 de março de 2013

Por uma Professora de Setúbal

Bom dia,
 Passo a relatar o acidente/agressão de que fui vítima. Sou professora numa escola, em Setúbal e, na passada segunda feira, dia 25 de fevereiro, um aluno de uma turma de 9º ano retirou, sem o menor ruído e sem que quase ninguém se apercebesse, de propósito, a porta da sala de aula dos encaixes, pelo que a mesma ficou encostada à parede, dando a noção de que estava aberta normalmente.
Quando me dirigi para a porta com o intuito de a fechar (convém salientar que é uma porta pesadíssima), a mesma caiu-me sobre o lado direito do corpo. Se não fosse um aluno estar junto a mim e tivesse sustentado a sua queda total, teria, certamente, ocorrido uma tragédia. Chamei funcionários e um elemento da Direção da escola para testemunharem a ocorrência e foram necessárias quatro pessoas para voltar a colocar a porta nos encaixes. Como no momento, e com o susto, nada parecia ter-me magoado, continuei a dar aulas até às 18:30h.
Já no carro, durante o trajeto de Setúbal para Almada, comecei a sentir tonturas, dores no lado direito do corpo; um formigueiro e dores na cabeça, vista, ouvido e pescoço, pelo que me dirigi às urgências do Hospital Garcia de Orta, na área da minha residência. Permaneci durante seis horas nas urgências, onde me foram realizados exames, nomeadamente uma TAC e diversos RX que diagnosticaram um traumatismo craneano sem lesões internas graves e hematomas na cabeça. O resto do corpo apenas está dorido e com nódoas negras (face, braço e anca). Contudo, e sem "pieguices" (como diria o nosso Passos), eu poderia ter morrido, se a queda da porta não tivesse sido apaziguada. E se caísse em cima de um aluno e o matasse? A responsabilidade; negligência; leviandade; processo disciplinar e, quiça, despedimento por justa causa seriam imputados a quem? Ao professor. Todos lavariam as mãos qual Pilates... Quem me indeminiza pelos danos de saúde de que padeço há três anos por ter ido parar a esta escola por um engano, omissão, incompetência...? O que irá acontecer a estes alunos que já cometeram inúmeras infrações graves e continuam nas escolas como se nada fosse? Sim, é que o IFP que, supostamente, "acolhia" estes alunos não os aguentam e estão a enviá-los para as escolas novamente... Surreal; irónico; subversivo.... não acham?

Gostaria que o meu caso fosse divulgado, não por ser mais um, mas por ter podido ser mais um, isto é, daqueles que são omissos por medo de represálias de vária ordem e/ou proveniência. Para além disso, segundo o MEC, os alunos, agora, após o Novo Estatuto do Aluno, têm, na teoria, punições graves. Contudo, na prática, e se forem menores, cometem delitos que põem em risco a integridade física e moral dos seus pares, assobiando impunemente, como se nada se passasse, uma vez que não têm a mínima consciência da consequência dos atos que cometem, mas sabem, porém, que nada lhes acontece de efetivo. Nem os pais nem os alunos são responsabilizados pelos danos humanos e materiais que despoletam e as escolas e respetivas direções veem-se de mãos atadas, perante leis algo perversas. Como é que um Diretor pode penalizar um aluno como ele merece e de acordo com o delito que comete, sabendo que, muitas das vezes, a família sobrervive "à conta" do rendimento de inserção se o menino não prevaricar? O que pode fazer um professor perante um caso "banal" destes? O que pode fazer a Direção de uma escola? O que pode fazer o MEC? O que pode fazer a sociedade? O que (se) pode fazer (de) Portugal? Come-se e cala-se com medo? Enterra-se a cabeça na areia e assobia-se para o lado, enquanto não for connosco e é com o colega? Espera-se que morra alguém a quem se tecerá hipócritas elogios na hora da partida? Por que motivo oiço todos os professores a queixarem-se no fundo das suas olheiras, diariamente, de tudo e todos, que se arrastam literalmente por não aguentarem mais a exaustão, a (o)pressão e o medinho, mas no momento de dar a cara, de falar, de confrontar, de estender a mão a um colega, se encolhem, efiando a cabeça no seu umbigo cobarde e individualista, como quem pensa "não é nada comigo; o melhor é não me misturar...". Até, um dia, lhe tocar a si ou aos seus. A desunião e o medo não fazem a força. A cobardia não deverá ser o nosso lema. O país e a sua soberania dependem de um ensino e de uma educação, onde se estejae seja tratado com dignidade para que o brio e a motivação por dar/fazer mais e melhor venham ao de cima. É o lema de muitas empresas, até já em Portugal, note-se com estranheza...

Este é mais um desabafo de uma professora maltratada, que faz 80 quilómetros para ir trabalhar, gastando cerca de 250 euros/mês em gasóleo e portagens, sem quaisquer ajudas de custo, como tantos que tanto se queixam e, no entanto, as auferem; a quem retiraram cerca de 200 euros para acertos, no mês de fevereiro; que está congelada (a todos os níveis) há cerca de 8 anos; que vê contratados a serem colocados como efetivos, passando à frente dos seus 20 anos de serviço, porque o MEC decidiu oferecer mais um presente envenenado a 600 contratados, atirando areia para os olhos de todos, e passando, ou melhor, tentando passar, um atestado de debilidade mental aos professores e cidadãos portugueses, subestimado a sua inteligência. E os professores de quadro que estão há anos longe de casa e das suas famílias, gastando o que já não têm: saúde; esperança e dinheiro? Resta a frustração e ir trabalhar com dores; malas com rodinhas; com depressões ou cancros. Também, quantos mais morrerem melhor, certo?

Não vou cantar a Grândola Vila Morena, porque não estou em condições físicas para o fazer, mas conto com a divulgação deste texto ou caso (como melhor entenderem fazer).

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Escola Óscar Lopes apelo à solidariedade com comunidade educativa


Caros colegas,

Ontem faleceu um elementos da nossa comunidade educativa, em pleno exercício das suas funções, conforme documento em anexo, que gostaria que lessem na integra para evitar qualquer informação incorreta.

Sentimos pouco apoio das entidades que nos super entendem. A DREN informou a Comissão Executiva que hoje teríamos que voltar a trabalhar como se nada tivesse acontecido. A nossa dor e revolta é enorme.

A maioria dos professores não conseguiram dar as suas aulas, e por isso ficaram em silêncio na sala dos Professores. Com certeza que iremos ser sujeitos a algo que não desejaríamos.
Neste momento necessitamos de fazer o luto, e conversarmos no sentido de encontrarmos soluções para evitar futuros problemas iguais, até porque nesta escola e noutras escolas estão identificados alunos como sendo igualmente problemáticos e potenciais geradores de questões como esta.
Apelamos à V/ solidariedade, no sentido de divulgar a carta anexa,
Se vos fôr possível gostaria que enviassem a V/ opinião solidária com a nossa posição; para a nossa direção executiva;
direccao.aems@gmail.com , DREN dren@dren.min-edu.pt e Camara Municipal de Matosinhos. mail@cm-matosinhos.pt

Contamos com a V/ solidariedade
Obrigada


Professores e funcionários

Escola Professor Óscar Lopes

                                           CARTA ABERTA
    Morreu um de nós: um daqueles que zelava pela segurança de todos (alunos, funcionários e professores); O nosso elo mais forte, em pleno exercício das suas funções.Para evitar que um aluno maltratasse um colega fazendo perigar a sua vida, durante a aula, mesmo perante a pronta ação do professor e de um funcionário, foi pedida a intervenção dos vigilantes da escola, para que fosse conduzido à Direção Executiva para que esta acionasse os técnicos da Escola Segura.Desde o início do comportamento, de extrema violência, materiais foram destruídos, funcionários e docentes ameaçados de morte verbalmente e agredidos fisicamente.O esforço dos vigilantes em controlar tais atitudes foi imenso mas não conseguiram evitar a destruição descontrolada de mesas, quadros, armários, cadeiras e os atos de ataque físico.Já na Direção Executiva, e perante o continuado comportamento violento, o vigilante Correia manietando o aluno, manteve-se como pilar determinante na segurança física de outros elementos da comunidade educativa, que tentavam também intervir. Mais de dez pessoas tentaram, sem sucesso, conter o aluno!Assim, perante uma violência física e emocional tão demorada e brutal o vigilante Correia colapsou.De imediato foi assistido por professores e funcionários que lhe fizeram as manobras de reanimação (respiração boca a boca e massagem cardíaca) até à chegada do INEM, que prestou toda a assistência possível que, no entanto, se mostrou ineficaz para salvar o Sr. Correia.Estamos profundamente abalados e consternados com o falecimento do colega em pleno exercício das suas funções, num local, por excelência, educativo, onde uma morte nesta situação é inaceitável.Estamos de luto, estamos perante algo que não conseguimos aceitar e, por isso, não sentimos capacidade de gerir emocionalmente uma situação tão dramática; estamos na escola sem darmos aulas, incapazes de pedagogicamente abordar o assunto junto dos restantes alunos.Todos os que se encontravam na escola ficaram em choque. Como pode isto ter acontecido numa escola? Que ambiente se vive? Que aprendizagens se fazem quando há quem possa frequentá-la enchendo-a de ameaças e de violência?O contexto escolar do Agrupamento está pormenorizadamente descrito no Projeto Educativo. Todos os profissionais que nele trabalham estão conscientes do universo em que se movem e procuram por todos os meios ajudar a orientar crianças e jovens de um meio problemático, com fragilidades várias, com comportamentos difíceis de gerir. Temos uma equipa técnica preparada e muito ativa, no âmbito dos recursos TEIP. Lidamos com os problemas que vão surgindo e conseguimos muitos resultados positivos.No entanto, há sempre um pequeno número de alunos, bem identificados na escola, que ultrapassam todos os limites do aceitável numa comunidade escolar, pois põem em risco os seus membros, a nível físico e psicológico, de forma sistemática: não aceitam a autoridade de ninguém, pelo que não cumprem as regras da escola, nem as mais básicas de convivência; ameaçam; aterrorizam; agridem. Em relação a estes alunos já tudo foi feito, desde as estratégias aplicadas pelos professores e pelos diretores de turma para motivar o aluno para a aprendizagem e para a socialização, passando pelas medidas previstas no Estatuto do Aluno, completamente ineficazes para estes casos. Tiveram a intervenção do SPO, GAAF, ADEIMA, CPCJ, Tribunal de Menores. Aos diretores de turma são pedidos relatórios, pareceres, esclarecimentos de todos estes organismos. Enquanto isto acontece e durante anos, a situação destes alunos na escola mantém-se inalterada, até os jovens saírem da escolaridade obrigatória ou terminarem o ciclo de estudos. Isto é, embora várias instituições estejam envolvidas, a escola tem de manter os alunos ou transferi-los para outras escolas, deslocando o problema, não resolvido, para os outros. Estes continuam assim a ameaçar e a agredir colegas, funcionários e professores, continuam a impedir os colegas das turmas em que estão inseridos de poder ter um ensino de qualidade, minando as aulas. Têm e criam um sentimento de poder ter impunidade e de ausência de limites, que é o oposto do que lhes deveria ser ensinado.A escola regular não pode dar a estes alunos a resposta de que eles precisam. A tutela não está a cumprir o seu papel, que inclui o de resolver a situação destes alunos e o de proteger o direito à educação e à integridade física e psicológica de todos os outros e de quem trabalha nas escolas.  Por estes motivos, dirigimo-nos à Tutela, exigindo que, com a maior urgência, se debruce sobre este problema e o resolva eficazmente, criando acompanhamento adequado às crianças e jovens com comportamentos disruptivos, que põem em riscos elementos da comunidade escolar em que se inserem. Este acompanhamento terá de implicar o afastamento destes jovens das escolas regulares e a sua integração em ambientes controlados, específicos e preparados para este tipo de perfil psicológico.Morreu o Sr. Correia, dizemos. Já tinha problemas de saúde, dirão. Nos olhos uns dos outros lemos «Mataram o Sr. Correia».
Matosinhos e EB 2, 3 Professor Óscar Lopes, 31 de janeiro de 2013
 
Assinatura de docentes e não docentes

 

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Notícias do Brasil

Tramita no Congresso Nacional o projeto de lei Nº 6269/09 que criminaliza a agressão contra professores, dirigentes educacionais, orientadores e agentes administrativos de escolas. De acordo com o projeto de lei, a pena prevista é de quatro anos de detenção (em caso de agressão física) e em caso de agressão moral, pode haver multa ou detenção de três a nove meses de prisão, no caso de agressor menor de idade, ele deverá cumprir penas estabelecidas pelo Estatuto da Criança e do adolescente.

A proposta do deputado Rodrigo Rollemberg - PSB-DF define o Programa Nacional de Prevenção à Violência contra Educadores – Pnave, com previsão de implementação de medidas preventivas, cautelares e punitivas da violência contra professores, que vão desde campanhas educativas a afastamento do aluno.
De acordo com dados da pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e estudos Socioeconômicos – DIEESE, através do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo, 684 dos professores entrevistados, 82,2% afirmaram ter sofrido alguma forma de violência física ou psicológica no exercício do magistério. Ainda segundo o levantamento que aponta dados de 2006, a queixa mais comum dos educadores são as agressões verbais entre professor e aluno.

domingo, 24 de abril de 2011

Nova técnica para vexar os Professores

Acabo de chegar de França e contaram-me que por lá existe uma nova técnica para comprometer os Professores. Enquanto um aluno provoca o Professor na esperança que este perca as estribeiras, outro aluno filma tudo às escondidas com o telemóvel. A moda também já chegou ao Brasil como reporta o seguinte Blog.
http://www.45graus.com.br/professor-agride-merecidamente-aluna-folgada-e-e-expulso,blog-do-gato,79600.html

sexta-feira, 8 de abril de 2011

ALUNO AGRIDE PROFESSOR A SOCO

Quarta, 06 Abril 2011


Enquanto tentava serenar os ânimos entre dois alunos, professor é agredido violentamente a soco, que lhe provoca traumatismo craniano. Caso ocorreu numa escola em Setúbal. Está em curso um processo disciplinar.
O aluno do 10.º ano, Tomás Costa, agrediu o seu docente de Filosofia e Área de Projeto, João Paulo Maia, de 51 anos, no final de um debate sobre tabagismo, conta uma fonte do jornal local "O Setubalense".
Numa tentativa de separar o seu agressor de um colega, que durante o debate já tinham trocado várias ameaças, o docente acabou por ser agredido com o murro que o atirou ao chão, deixando-o inconsciente.
O caso, que ocorreu na Escola Secundária de Bocage, em Setúbal, está a ser investigado pela PSP e pela direção do estabelecimento de ensino, que instaurou um processo disciplinar ao agressor Tomás Costa.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Lá como cá

Dois casos de agressão contra professores foram registrados em escolas estaduais de Itaquaquecetuba nos últimos 15 dias. No início desta semana, um aluno de aproximadamente 16 anos agrediu o professor no rosto por ter sido proibido de entrar na sala de aula após um atraso. Na semana passada, o docente foi ameaçado não apenas pelo estudante, mas também por seu pai, que não aprovou uma repreensão ao filho. De acordo com o secretário de Organização para a Grande São Paulo do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Douglas Izzo, a violência de alunos contra professores é comum no município.

Uma das agressões ocorreu na Escola Estadual Dulce Maria Sampaio. Segundo um amigo do professor agredido, que preferiu não se identificar, o aluno foi impedido de assistir a aula por estar atrasado. Nervoso, ele deu um "soco" no rosto do profissional e o ameaçou. Segundo Izzo, os professores são coibidos pela direção da escola para que não comentem sobre os episódios de violência. Segundo a Resolução n° 7/1990, da Secretaria de Estado da Educação, a concessão de entrevista pelos funcionários é condicionada a uma autorização prévia do chefe de Gabinete.
"Eles são ameaçados pelos superiores e, muitas vezes, até negam quando questionados por pessoas de fora da escola. Os alunos conhecem essa regra, sabem que não serão punidos e continuam desrespeitando os professores", explicou. O secretário afirmou ainda que na semana passada outro docente foi agredido por ter repreendido um dos estudantes. "O aluno o ameaçou e dias depois o pai dele fez o mesmo. A situação nas escolas de Itaquá está cada vez pior e nada é feito para controlar esses jovens", destacou.
A Secretaria de Estado da Educação foi procurada pela reportagem, mas afirmou que nenhum caso de violência foi registrado nas escolas de Itaquá.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Governo aprova criação do crime de violência escolar

O Governo aprovou hoje, na generalidade, uma proposta que cria o crime de violência escolar para actos de violência como maus tratos físicos ou psíquicos, incluindo ofensas sexuais e castigos corporais.

"O novo crime de violência escolar, a instituir, abrange o fenómeno correntemente designado como bullying cujos efeitos, além dos imediatamente produzidos na integridade pessoal das vítimas, se repercutem no funcionamento das escolas e na vida diária das famílias", lê-se no comunicado do Conselho de Ministros.

Segundo o Governo, "além da punição inerente à prática daqueles actos, pretende-se que a criação do novo crime de violência escolar produza um efeito dissuasor, contribuindo para a manutenção da necessária estabilidade e segurança do ambiente escolar".

Económico com Lusa

28/10/10 14:55